terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Pensamentos para refletir

"Para falar ao vento bastam palavras. Para falar ao coração, é preciso obras." (Padre Antônio Vieira)

"A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso do que temos." (Thomas Hardy)

"O homem deve criar as oportunidades, não apenas encontrá-las." (Sir Francis Bacon)

A vista por fora...

É triste de andar pessoalmente na rua onde já vivi um dia



Ex-vizinha
Ex-vizinhança

sábado, 29 de novembro de 2008

Pesadelo : Meu filho não come comida? Como assim? (Muito bom!)



Mas neles dói ainda mais

As famílias, especialmente as mães, sofrem com os conflitos em torno da comida. Sofrem muito. Como escreveu uma delas: «É horroroso ter medo da hora de comer chegar».

Se a mãe tem medo, que terá seu filho? Por grande que seja sua angustia, lembre-se sempre que seu filho está sofrendo ainda mais. Não está te aborrecendo ou desafiando, não está te manipulando, não «sabe latim», não está mostrando seu espírito de oposição... Está, simplesmente, aterrorizado.

"Estou preocupada com meu filho (quinze meses) porque não come, retém a comida na boca e depois de um tempo joga para fora e não engole, faz tudo isso, só para de chorar quando paro de dar a comida."

Porque, para a mãe, sempre há uma porta, uma saída, um con­solo, uma esperança. Você está preocupada porque seu filho não come, angustiada porque teme que adoeça, constrangida por familiares e amigos que te observam fixamente e afirmam «este menino teria que comer mais», como acusando-a de ser uma desleixada. Se sente rejeitada por um filho que, incompreensivelmente, não aceita o que você oferece com tanto carinho; e se sente culpada quando seu filho chorar e pensa que está fazendo mal para ele... Mas também é verdade que você é uma pessoa adulta, com todos os recursos da inteligência, da educação e da experiência. Que conta com o amor e o apo­io de seus familiares e amigos, que, provavelmente, se colocaram contra você neste conflito. Que criar um filho, embora seja temporariamente o centro do seu mundo, no é seu úni­co mundo. Você tem uma história e um futuro, algumas afeições, talvez uma profissão. Tem, certa ou não, uma idéia que explica o que está acontecendo; sabe por que obriga seu filho a comer (embora talvez não saiba por que ele não come), e nos momentos de mais profunda desesperação não deixa de repetir para si mesma que tudo é para o bem dele. Tem, ainda, uma esperança, pois sabe que as crianças maiores comem sozinhas, e que esta eta­pa durará só alguns anos.

E seu filho? Que passado, que futuro, que educação, que amizades, que explicações racionais, que esperanças tem? Seu filho só tem a você.

Para um bebê, a mãe é tudo. É a segurança, o carinho, o calor, o alimento. Em seus braços é feliz; quando você se afasta, chora desesperado. Diante de qualquer necessidade, diante de qualquer dificuldade, só tem que chorar; sua mãe socorre na mesma hora e resolve tudo.

Há pouco tempo, entretanto, algo vai mal. Chora porque comeu muito, mas sua mãe, em vez de acudir-lo como sempre, tenta obrigar-lo a comer mais ainda. E cada vez é pior: a suave insistência do começo logo dá lugar a gritos, choros e ameaças. Seu filho não pode enten­der por quê. Ele não sabe se comeu mais ou menos do que disse o livro, ou do que disse o pediatra, ou do que come o filho da vizinha. Ele nunca escutou falar do cálcio, nem do ferro nem das vitaminas. Não pode entender que você crê fazer tudo isso só pelo seu bem. Só sabe que sua barriga dói de tanta comida, e mesmo assim lhe entalam mais ainda. Para ele, esta conduta de sua mãe é tão absolutamente incompreensível como se o maltratasse ou o deixasse passar a noite no quintal.

Muitos bebês passam horas, às vezes seis horas por dia, «comen­do», ou para falar a verdade, batalhando com sua mãe junto à um prato de comida. Não sabe por quê. Não sabe quanto isso vai durar (ou seja, crê que durará eternamente). Ninguém lhe dá a razão, ninguém o anima. A pessoa que ele mais gosta no mundo, a única pessoa em que pode confiar, parece ter se voltado contra ele. Seu mundo inteiro se desmorona.



As crianças pequenas, por mais que tentem, não podem comer a quantidade de verdura necessária, porque não cabe em seu estômago.

O leite materno tem70 calorias (quilocaloria, embora muita gente chame simplesmente «calorias») por 100 g; o arroz fer­vido 126 calorias, o grão-de-bico cozido 150 calorias, o frango 186 calorias, a babana 91 calorias... mas a maça tem 52 calorias por 100 g, a laranja 45, a cenoura cozida 27, a couve cozida 15, o espinafre cozido 20, as ervilhas verdes 15, o alface crú 17 calorias/100 g. E isso contando com que estejam bem escorridas; a sopa ou o triturado com a água do cozimento tem ainda menos «sus­tância».

Há alguns anos, um investigador teve a curiosidade de ana­lisar as papinhas de verduras com carne preparadas por várias mães madrilenhas para seus filhos; a concentração calórica média era de 50 calorias por 100 g. A média, porque algumas tinham apenas 30 calorias por 100 g. E isso com carne, imagine a verdura sozinha. Você ainda acha estranho que seu filho prefira o peito à papinha? Ainda acredita, quando lhe dizem que «esta criança tem que comer mais, só com o peito não vai engordar»?

Se isso tranquiliza, as crianças pequenas não parecem ter uma repugnância absoluta pelas verduras. Não é um problema de sabor. Muito mais que isso, normalmente aceitam bem una pequena quantidade de ver­duras, que são ricas em vários minerais e vitaminas de importân­cia. Porém sua dose normal parece ser de apenas poucas colheradas. Para alguns, como as verduras são muito «saudáveis», pretendem dar-lhes um prato inteiro. E, ofensa sobre ofensa, dar-lhes esse prato de verduras ao invés do peito ou da mamadeira, que tinham o triplo de calorias ou mais. «Querem me matar de fome», pensa o pequeno, que não sai do seu assombro; e, naturalmente, se nega a aceitar qualquer coisa. Começa a briga, e o pequenino pode criar tanta implicância com a fruta e com a verdura que logo, quando cresça caibam no estômago, tampouco vai querer.

Muitos deixam de comer com um ano

Como vimos, os bebês comem, em relação ao seu tamanho, muito mais que os adultos. Isso significa que, durante o processo em que se transformam em adultos, mais cedo ou mais tarde terão que começar a comer menos. Mais cedo do que tarde, para surpresa e terror de muitas mães. Os pequenos às vezes querem «deixar de comer», aproximadamente, ao completar o primeiro ano. Alguns já deixam de comer desde os nove meses; outros «aguentam» até um ano e meio ou dois anos. Alguns poucos nunca deixam de comer, enquanto outros «nunca comeram, desde que nasceram».

O motivo dessa mudança ao redor do primeiro ano é a diminuição da velocidade de crescimento, que já comentamos. No primeiro ano, os bebês engordam e crescem mais rapidamente do que em nenhuma outra época de sua vida extra-uterina. Durante o segundo ano, em compensação, o crescimento é muito mais lento: uns 9 cm, e um par de quilos. Assim temos que, dos três principais capítulos do gasto energético, a energia necessária para mover-se aumenta, porque o pequeno se move mais; e a necessária para se manter com vida também aumenta, porque o pequeno está maior. Mas a energia necessária para crescer diminui de forma espetacular, e o resultado é que o pequeno necessita comer o mes­mo ou menos. Segundo os cálculos dos experts, as crianças de um ano e meio comem um pouquinho mais do que os de nove meses; mas isso não passa de uma "média", e muitas crianças de um ano e meio comem, na verdade, menos que aos nove meses. Os pais, não informados deste feito, usam um raciocínio aparen­temente lógico: «Se com um ano come tanto, com dois comerá o dobro». Resultado: uma mãe tentando dar o dobro de comi­da a uma criança que necessita a metade ou menos. O conflito é inevi­tável e violento.

Até quando os pequenos seguem sem comer? A situação parece ser transitória. Aconselhadas por avós, vizinhas e pediatras, as mães parecem confiar "que seu filho mudará". Contudo, muitas crianças, aos cinco ou sete anos, ao aumentar seu tamanho corporal, começam a comer algo mais que antes. Porém não sempre é este pequeno aumento suficiente para acalmar as aspirações de suas famílias. Por uma parte, a quantidade de ali­mento que cada pessoa necessita é muito variável, e algumas crianças comem muito mais ou muito menos que seus companheiros da mesma idade e tamanho. Por outra parte, as expectativas dos pais podem ser também muito diferentes; algumas mães se con­formariam quando seu filho terminasse o prato de macarrão, outras esperam que depois do macarrão coma também uma bisteca com batatas, uma banana e um iogurte. Por um ou outro motivo, muitas crianças seguem «sem comer» até o início da adolescência. Então, quando o lento crescimento dos anos precedentes se converte em «a esticada», a rapaziada sente um insaciável apetite, e para assombro e alegria de suas mães, arrasam a geladeira e enfiam guela à dentro tudo o que encontram em uma só bocada.

Trecho extraido do livro "Meu filho não quer comer", pelo grandioso pediatra Carlos Gonzalez, traduzido do espanhol He-he


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Conversando com o papel pra tentar dormir melhor

O aguardar conforma-me.

Existe uma impaciência que domina o meu corpo, e a abstinência é um nome formal para explicar a sensação de não poder ir lá no meio de tudo, fazer algo por eles.

Tirar aquela água toda com as mãos talvez, salvar suas coisas, desafogar pessoas, ajudá-los a não sentir fome. Que faço?

Eu sou eles, eles são eu, parte minha.

Mas aí penso que poderia ser a estar lá no lugar deles. Aí sim penso que o melhor é esperarmos aqui quietos no nosso canto isolado.

Aqui na praia de Cabeçudas pouco foi atingido. A areia da praia sim, está destruída pela revanche do mar. Junto com árvores inteiras e sujeiras da própria natureza, encontram-se milhares e milhares de garrafas de plástico pet.

Sim, a Terra quer dizer que está cansada. Quem enxerga a mensagem? Mas este é outro patamar a ser discutido.

Precisamos pensar naquelas pessoas. O desgosto e desespero desenham sutilmente seus rostos. Esse retrato não sai mais da minha cabeça.

Nós aqui, eu e meu bebê, minha irmã, sua filha, esposo e a família dele; estamos protegidos e confortáveis. Mas andando por aí, é fácil deparar-se com pessoas um pouco perdidas, um pouco encontradas, talvez ainda não saibam para onde caminham ou o quê suas crianças vão comer : cada membro da família caminhando com uma sacolinha de supermercado na mão. O resto? Ficou para trás. Mais duro do que isso deve ser a perda de um ente querido.

Apesar de tudo, também estou meio perdida. Tinha compromissos com pessoas daqui. Mas não consigo parar de pensar em como devem estar, pessoas queridas e de bem. Quase todos os telefones não estão funcionando bem.

Mas e eu? O que é que eu posso fazer?

Tirar fotografias não me parece muito digno, a situação não é muito atrativa. Aliás, o jornal já se encarrega de retratar a calamidade, apesar de não conseguir alcançar uma intimidade focando um rosto judiado de um cidadão local.

À mim e minha irmã, nos tocou sair pela vizinhança pedindo alimentos, cobertores. Então, todos ajudando, e nós estamos juntando pouco a pouco e levando lá onde esperam muito.

Muito bonitinho, meu Alezinho pendurado no sling, sempre comigo, e juntos estamos vivendo isso tudo.

Estar vivo e à disposição é valioso.

E assim termino meu relato. Escrevendo me sinto melhor. Boa noite.

(25/11/2008, por volta das 23:00 horas)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

FÁTIMAAAAAAA !!!


Temos tanta coisa pra contar...
O Pequeno Príncipe parece querer ser um homenzinho já tão cedo, tem uma inteligência impressionante e uma força brutal admirável, seguida de um domínio e equilíbrio sobre o seu próprio corpo que é impressionante!

Muita coisa vem acontecendo; e cada vez mais me convenço de que aquela teoria de Leonardo Boff com suas reflexões sobre o tempo têm fundamento, e muito!!!

Porque o dia cotidiano parece MESMO não mais conter 24 horas ... Nossa! O tempo têm sido muito curto! Reflexos da maternidade tão somente?

Enfim, Me sinto em falta aqui no blog, preciso atualizar minhas colunas, dar continuidade à construção que estava fazendo acontecer. Não me abandonem, por favor! Preciso de estímulos!

E parece que terei que abrir um espaço aqui no blog só para letras de músicas que me inspiram, porque tenho tido algumas dominando minha mente como se fossem martelo! Umas em forma de protesto, outras de saudades, outras em forma de assumir-se uma identidade... Outras com palavras de puro amor e carinho.

E observando meu "mundo mundano", no dia-a-dia, me deparo com problemas - pra não dizer defeitos e/ou falhas - que só podem ser meu espelho para que eu implique tanto. Que mundo, que sociedade doente, carente, cega, enferma mesmo. Quanta sujeira, quanta estética, quanta devoção ao nada.

Enfim, a música inspiradora do dia é essa:

Vocês esperam uma intervenção divina

Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender

E vocês armam seus esquemas ilusórios

Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez

Mas acontece que tudo tem começo

Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês


E as ameaças de ataque nuclear

Bombas de neutrons não foi Deus quem fez

Alguém, alguém um dia vai se vingar

Vocês são vermes, pensam que são reis

Não quero ser como vocês

Eu não preciso mais

Eu já sei o que eu tenho que saber

E agora tanto faz


Três crianças sem dinheiro e sem moral

Não ouviram a voz suave que era uma lágrima

E se esqueceram de avisar pra todo mundo

Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima

E de repente o vinho virou água

E a ferida não cicatrizou

E o limpo se sujou

E no terceiro dia ninguém ressuscitou


A inspiradora FÁTIMAAAAA!!!
Do capital Inicial, E em especial no episódio apaixonante acústico Mtv.
Porém essa canção é um espólio do Aborto Elétrico, composição: Fê Lemos e Renato Russo.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eu Tenho Mais de 20 Anos e Mais de Mil Perguntas

Olá! Aparecemos! Peço desculpas por sumir, mas a vida anda um pouco acelerada.

Mas agora preciso cantar uma música que não sai mais da minha cabeça:

20 Anos Blues

Elis Regina

Composição: Vitor Martins e Sueli Costa
Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos

E eu tenho mais de mil perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue

Os meus pais nas minhas costas
As raizes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal

Essa calma que inventei, bem sei
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de 20 anos

E eu quero as cores e os colirios
Meus delirios
Estou ligada num futuro blue

Os meus pais nas minhas costas
As raizes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal

Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
Eu tenho mais de 20 anos

sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre a Vida, Ilusões, Virtudes e a Natureza do Homem


Por Leonardo Da Vinci
"Aquilo que é justo ao homem passa e não dura.

Somos enganados por promessas e iludidos pelo tempo, e a morte zomba de nossos cuidados; as ansiedades da vida nada são.

É extremamente tolo o homem que sempre sofre privação por medo da privação, e sua vida passa enquanto ele ainda espera desfrutar das coisas boas que adquiriu com grande esforço.

Aquele que mais possui mais tem medo de perder.

Evite aqueles estudos em que o trabalho resultante morre com o trabalhador.

Nos rios, a água que tu tocas é a última que passou e a primeira que virá: assim é com o tempo presente. A vida bem vivida é longa.

A idade, à medida que voa, desliza secretamente e e engana um e outro; nada é mais passageiro que os anos, mas aquele que semeia virtude colhe honra.

Na juventude, adquira aquilo que poderá restaurar o dano da idade avançada; e se você for cuidadoso, a idade avançada terá sabedoria por alimento; irá impenhar-se tanto na juventude que sua idade avançada não ficará sem sustento.

O ambicioso, para quem nem o benefício da vida, nem a beleza do mundo são suficientes, recebe como pena a vida desperdiçada; e ele não possui nem os benefícios, nem a beleza do mundo.

Assim como um dia bem vivido traz um sono feliz, uma vida bem usada traz uma morte feliz.

Erradamente, os homens lamentam o passar do tempo, acusando-o de ser muito rápido, não percebendo que este período é suficiente. Mas a boa memória com a qual a natureza nos dotou faz com que tudo que passou há muito tempo pareça presente.

Onde há mais sentimento há mais martírio.

O maior bem é a sabedoria; o maior mal é o sofrimento do corpo.

Os homens bons por natureza desejam saber.
Se no prazer tua mente deve se alimentar.

E a ti, homem que diz possuir só o bem. Tu és um mentiroso. O bem precisa do mal, o mal precisa do bem. Por natureza, nós usamos o equilíbrio das coisas.

Se não há amor, o que há então?

Da Vinci.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Bebê e a Introdução de Alimentos

- Por Dr. González

"Os conflitos entre a mãe o filho durante a amamentação ou uso de mamadeiras podem ser terríveis, mas ainda bem que são pouco freqüentes. A introdução de alimentos sólidos é uma oportunidade nova de perigo e devemos trilhar este caminho com cuidado.

Para esclarecer, quando mencionamos "sólidos", não nos referimos apenas aos alimentos oferecidos ao bebê com uma colher. Usaremos o termo para referir-se a qualquer comida além de leite humano ou leite modificado, mesmo água, chá ou comidas duras como biscoito.


Muitas mães encontram-se sobrecarregadas de informação a respeito de regras, grandes, pequenas e médias envolvendo alimentação de bebês. Elas recebem conselhos de pediatras e enfrmeiros, algumas informações muito mais complexas e detalhadas que aquelas dadas pelos especialistas famosos, palpites de família e amigos, bem como as "conversas de comadre" que alertam sobre evitar comidas "reimosas" ou "incompatíveis".

Incapaz de seguir todas as regras ao mesmo tempo, muitas vezes a mãe opta por rejeitar todas e fazer somente aquilo que ela quer. O risco é de que ela ignore as recomendações realmente importantes. Para evitar tal problema, vou diferenciar claramente entre as opções onde há um grau de consenso em relação à sua importância (baseadas numa combinação de normas internacionais) e aquelas sugestões que parecem úteis, embora outros profissionais possam ter opções diferentes.

Pontos Importantes

Tenha em mente os seguintes pontos, embora eles não devam ser tomados como dogma:

1. Nunca force uma criança a comer.
2. Amamente exclusivamente até 6 meses (sem papinhas, suco, água, chás, etc.).
3. Aos 6 meses, comece (sem forçar) a oferecer outros alimentos, sempre depois da mamada ao seio. Bebês não amamentados devem tomar 500ml de leite artificial por dia.
4. Introduza os alimentos um de cada vez, esperando uma semana entre comidas novas. Comece com quantidades pequenas.
5. Ofereça alimentos que contêm glúten (trigo, aveia, centeio) com precaução.
6. Quando cozinhar para o bebê, escorra bastante o alimento, evitando encher a barriga dele com água.
7. Espere até 12 meses de idade para introduzir alimentos altamente alergênicos (especialmente laticínios, clara de ovo, peixe, soja, amendoim e muitas outras comidas que já causam alergia em membros da família).
8. Não acrescente sal ou açúcar aos alimentos.
9. Continue amamentando por 2 anos ou mais.

Em algumas situações pode-se introduzir sólidos antes de 6 meses (mas nunca antes de 4): quando a mãe trabalha, por exemplo. Ou quando a criança claramente pede para ser alimentada agarrando o alimento e colocando-o na boca sozinha.

"Oferecer" significa que, se ele quiser comer, o bebê come, mas se não quiser, não come. Muitas crianças recusam tudo menos o seio até 8 ou 10 meses, muitas vezes mais.

Alimentos sólidos são oferecidos depois da amamentação, não antes, e certamente não em substituição à amamentação. Somente assim você tem certeza de que seu bebê tomará o leite de que precisa. Acredita-se que entre 6-12 meses, o bebê precise de cerca de 500 ml de leite por dia. Claro que isso é uma média, muitos tomam mais e outros ficam bem com menos. Uma criança que toma mamadeira pode facilmente ficar bem com 2 mamadeiras de 250 ml ao dia. Não é razoável, porém, esperar que um bebê amamentado tome 250 ml a cada 12 horas; os seios da mãe ficariam desconfortavelmente cheios. Faz mais sentido para bebês amamentados tomar 100 ml cinco vezes por dia, ou 70 ml sete vezes por dia. Certamente você não sabe (ou não sabia antes de iniciar os sólidos) quanto leite seu bebê mama; mas se ele é amamentado antes da oferta de sólidos, você fica tranqüila sabendo que ele mama o que precisa.

Que comidas devo oferecer primeiro?

Não importa. Não há base científica que suporte a recomendação de um alimento antes de outro. Se você oferecer frutas primeiro, seguidas por cereal, depois frango, você estará seguindo as orientações da ESPGAN (Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátricas). Mas se você der frango, depois legumes e cereais por último, também estará dentro das normas.

Digamos que você decida começar com banana amassada. Depois da amamentação, ofereça ao bebê uma ou duas colheres. No primeiro dia é sempre melhor oferecer só um pouquinho, ainda que ele aceite bem. Se ele recusar a primeira colherada, não insista, mas continue oferecendo a cada um ou dois dias. Se ele aceitar bem, você pode aumentar a quantidade a cada dia. Depois de uma semana, você pode tentar outro alimento, como batata doce ou abacate. Na semana seguinte, pode oferecer um pouquinho de arroz. Cozinhe arroz (melhor ainda, cozinhe até virar papa), sem adicionar sal. Você pode adicionar azeite (ficará mais saboroso e terá mais calorias).

Esta ordem é só um exemplo, você pode inverter, se quiser. Claro, se alguma das comidas causar diarréia ou outros sintomas, ou se o bebê rejeita veementemente, é melhor esperar algumas semanas. Se uma reação mais severa é observada, como uma vermelhidão na pele, consulte o pediatra.

Também não é necessário introduzir uma comida nova a cada semana. Variedade significa um pouco de cereais, um pouco de legumes, um pouco de frutas – mas não é vital que o bebê coma muito de cada grupo. Maçãs não possuem nada diferente das peras e a maioria dos adultos vive bem comendo apenas dois tipos de ceral: arroz e trigo, deixando o resto para o gado. Se seu filho já come frango, você não estará acrescentando nada ao oferecer novilha. Antes de 1 ano, a introdução de muitos alimentos diferentes somente significa comprar mais bilhetes para a loteria da alergia.

A razão principal de oferecer outros alimentos ao bebê com 6 meses (e não depois) é que alguns bebês precisam de ferro extra. Portanto, seria lógico que comidas ricas em ferro fossem introduzidas primeiro. Por um lado, há carnes com alto teor de ferro orgânico altamente biodisponível. Por outro, há legumes, leguminosas e cereais que contêm ferro inorgânico, mais difícil de ser absorvido a menos que esteja combinado com vitamina C. É por isso que muitos adultos comem a salada primeiro (rica em vitamina C), depois os grãos e legumes, com a sobremesa por último. O que é comumente feito com bebês na Espanha não é uma idéia muito boa, oferecendo a eles somente grãos numa refeição, legumes na outra e fruta na próxima. Quando seu bebê ingere muitos alimentos, é uma boa idéia combiná-los , oferecendo-os numa mesma refeição (não batendo todos juntos no liqüidificador) ao invés de fazer menus monocromáticos ("hora do cereal").

E se ele não quer comer comida de bebê?

Não se preocupe, isso é totalmente normal. Não tente forçá-lo. Você talvez tenha sido aconselhada a oferecer sólidos antes do peito, assim ele estará com fome suficiente para comer. Isso não faz o menor sentido, uma vez que o leite materno nutre muito mais que qualquer outro alimento. É por esta razão que usamos o termo "alimentação complementar". Sólidos não são nada mais que um complemento ao leite materno. Se seu bebê mama e depois rejeita frutas, nada acontece; mas se ele aceita fruta e depois não mama, ele sai perdendo. Mais fruta e menos leite é uma receita para perda de peso.

O mesmo vale para leite artificial. Lembre-se de que se você não está amamentando, você precisa dar ao bebê meio litro de leite diariamente até que ele tenha 1 ano de idade. Não é bom negar o leite para que ele coma mais."

Do livro My Child Won't Eat, Dr. Carlos González.

Tradução de Flavia Mandic

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O importante do que importa é que tanto faz! Filosofando...




Pirro
de Élis (c. 360 a.C. - c. 270 a.C.) foi um filósofo grego, nascido na cidade de Élis, considerado o primeiro filósofo cético e fundador da escola que veio a ser conhecida como pirronismo.

Pirro, junto com Anaxarco, viajou com Alexandre o Grande em suas explorações no oriente, e estudou na Índia com os gimnosofistas e com os Magi na Pérsia. Da filosofia oriental parece ter adotado uma vida de reclusão. Voltando a Elis, viveu pobremente, mas foi muito reconhecido pelos habitantes de Elis e também pelos atenienses, que lhe concederam a cidadania. Suas doutrinas são conhecidas principalmente pelos escritos satíricos de seu pupilo Tímon, o Silógrafo.

Os princípios de sua obra são expressos, em primeiro lugar, pela palavra acatalepsia, que define a impossibilidade de se conhecer a própria natureza das coisas. Qualquer afirmação pode ser contraditada por argumentos igualmente válidos. Em segundo lugar, é necessário preservar uma atitude de suspensão intelectual, ou, como Timon expressa, nenhuma afirmação pode ser considerada melhor que outra. Em terceiro lugar, estes resultados são aplicados na vida em geral. Pirro conclui que, dado que nada pode ser conhecido, a única atitude adequada é ataraxia, "despreocupação".

A impossibilidade do conhecimento, mesmo em relação à nossa própria ignorância ou dúvida, deve induzir o homem sábio a resguardar-se, evitando o stress e a emoção que acompanha o debate sobre coisas imaginárias. Este ceticismo drástico é a primeira e mais completa exposição de agnosticismo na história do pensamento. Seus resultados éticos podem ser comparados com a tranquilidade ideal dos estóicos e os epicuristas.

O caminho do sábio, diz Pirro, é perguntar-se três questões. Primeiro deve perguntar o que são as coisas e de que são constituídas. Segundo, como estamos relacionados a estas. Terceiro, perguntar qual deve ser nossa atitude em relação a elas. Sobre o que as coisas são, podemos apenas responder que não sabemos nada. Sabemos apenas de sua aparência, mas somos ignorantes de sua substância íntima. A mesma coisa aparece diferentemente a diferentes pessoas, e assim é impossível saber qual opinião é a correta. A diversidade de opiniões entre os sábios, como entre os leigos, prova isso. A cada afirmação pode-se contrapor outra contraditória, mas com base igualmente boa, e qualquer que seja minha opinião, a opinião contrária é defendida por alguém que é tão inteligente e competente para julgar quanto eu. Podemos ter opiniões, mas certeza e conhecimento são impossíveis. Daí nossa atitude frente às coisas (a terceira pergunta) deve ser a completa suspensão do julgamento. Não podemos ter certeza de nada, mesmo as afirmações mais triviais.

Diz-se que Pirro era tão cético que isso o teria levado a uma prematura e infortunada morte por volta de 270 a.C.. Segundo a lenda, ele estava demonstrando seu ceticismo vendado quando seus discípulos tentaram avisá-lo de um precipício à sua frente. Recusando-se a acreditar neles, terminou sua vida abruptamente.


Este artigo incorpora texto da décima primeira edição da Encyclopædia Britannica, uma publicação em domínio público.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Está limpo, mamou. Por quê chora? (Bésame Mucho)



Extraído do livro Bésame Mucho, do Dr. Carlos González. Seu bebê é desinteressado

Laura, de três meses, chora desconsolada. Mamou, tem a fralda limpa, não tem frio nem calor, não foi espetada por nenhum alfinete. Sua mãe a pega no colo, diz umas palavras carinhosas e no mesmo instante Laura se acalma. A mãe volta a pô-la no berço e no mesmo instante Laura volta a chorar.

- Não tem fome, não tem sede, não tem nada - dizem as más línguas. Que diabos quer agora?

Quer a sua mãe. Quer você. Não te quer pela comida, nem pela roupa, nem pelo calor, nem pelos brinquedos que ganhará no futuro, nem pelo colégio particular que você a levará, nem pelo dinheiro que você deixará de herança. O amor de um bebê é puro, absoluto, desinteressado.

Freud acreditava que os bebês amam sua mãe porque dela obtém alimento. É a chamada teoria do impulso secundário (a mãe é secundária e o leite é o primário). Bowlby, com sua teoria do apego, sustenta todo o contrário, que a necessidade da mãe é independente da necessidade de alimento e provavelmente maior.

Por quê você não desfruta, como mãe, dessa maravilhosa sensação de receber um amor absoluto? Você se sentiria melhor se seu bebê só a chamasse quando tivesse fome, sede ou frio e a ignorasse totalmente quando estivesse satisfeito? Ninguém negaria comida a um bebê que chorasse de fome, ninguém deixaria de agasalhar a um bebê que chora de frio. Você vai deixar de pegar um bebê que chora porque precisa de carinho?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Eu Sou Terrível!


Eu sou terrível
E é bom parar
Com esse jeito de provocar
Você não sabe
De onde venho
O que eu sou
Nem o que tenho


Eu sou terrível
Vou lhe dizer
Que ponho mesmo
Pra derreter
Estou com a razão no que digo
Não tenho medo nem do perigo
Minha caranga é máquina quente



Eu sou terrível
E é bom parar
Porque agora vou decolar
Não é preciso nem avião
Eu vôo mesmo aqui no chão



Eu sou terrível
Vou lhe contar
Não vai ser mole
Me acompanhar
Garota que andar do meu lado
Vai ver que eu ando mesmo apressado
Minha caranga é máquina quente

Eu sou terrível, eu sou terrível...

E viva ao reencontro!



Digo isso porque hoje pensei nas pessoas que procuram e não encontram. Seja um amor, seja uma coisa, seja seu bichinho de estimação que se perdeu... Seja o que for!
Hoje, aconteceu comigo.
O portão abriu com o vento
- imagina o vento! -
O vizinho chamou
Apontou para nossa cachorrinha pretinha
A Nina
No meio da quadra...
Fui atrás....
Quando voltei...
A Isa....
Cadê a Isa...
Nossa branquinha???
A Isa sumiu!!
Rodei quadras,
Perguntei para mais de mil...
Ninguém viu.
Pra sempre viverei amargurada;
Pensava comigo.
Calma
Diminui a adrenalina
Se controla
E mantém a calma.
Porque você VAI achá-la,
Pensava comigo.
IIIIIIIIISAAAAAAAAAAAAA
O grito ecoava
De repente
Dum terreno baldio
Surge a doida
Nossa
Minha retomou a imensidão de ser
Como um copo vazio que se enche de vinho
Até transbordar...
Como se um arco-íris, após um período triste sem cor
Voltasse a ser preenchido de lindas cores vivas,
De tanta vontade de viver no céu
Como o próprio céu,
Que é azul só pra quem vê azul
Mas que se visto com bons olhos,
Lá estarão vivas infinitas cores...

... Isa!!! Vem aqui!!!
Veio toda bamba
A tomei pelos braços e voltei uff... Só sensações.
De lá de longe, vi minha mãe que já saía com o veículo a procurá-la.
Sinalizei levantando a branquinha
Senti de longe seu semblante de alívio,
Tinha entrado em desespero uff!
Nos encontramos no meio do caminho
E meu filhinho, meu reizinho estava deitado no banco
Quietinho mas com cara de não entender o que se passava alí.
Bonitinho meu filhinho alí!
Meu grandote...
Ele é louco pela Isa e suas lambidas.
A Isa voltou.
Minha parceira de aventuras.
Antes andava no guidão da minha bicicleta.
Hoje faz de tudo pra pular dentro da caçambinha debaixo do carrinho do meu filho...
E vamos nessa!
...
De pensar que existem pessoas
Que jamais alcançarão compreender
O AMOR
Que outros sentem por esses bichinhos que se rendem por nós
E preenchem nossa vida de alegria...

...
Sinto muito pelos que buscam sem sucesso, não encontram.
Não posso me imaginar em seus lugares.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Na rua, Moçambique, endovirus e mãos cansadas


Este é nosso primeiro relato na vida real, a preto-no-branco, aquela que encaramos de frente. E hoje é um dia daqueles em que saímos contentes de casa, com sensação de esperança, inspirando cada fragmento de ar profundamente e sorrindo, como se tivéssemos de aproveitar o mundo passando por nós a cada passo.
Agora temos novos bons amigos, filho? Na verdade, são amigas. Débora e suas duas filhas, vizinhas da casa da rua de trás. Elas também tem brinquedinhos no vitrô do banheiro. Com muita simpatia, boa vontade e desejo de compartilhar suas vidas, as três saíram para caminhar conosco.
Bem, foram comigo ao pronto socorro. Sim, PS, S.O.S, código morse :-) Eu. Mas o que me surpreende, é que na insistência da recusa por médicos convencionais, acabo por me surpreender. Porque me deparei com uma mulher super humana, que me abordou logo de cara pelo corredor do hospital :

" - Nossa! Olha como você carrega seu bebê! parece até que isso é da minha terra! Sou de Moçambique!"

Hã!!?? Nossa! De Moçambique! Não é diariamente que encontramos uma médica clínica africana! Sul da África....

E ela continuou animada...

" - Meus pais são indianos, da mesma região de onde é Gandhi. Com a guerra branca (!) de 1947, fugiram de lá e foram para Moçambique. Foi quando começou a guerra sangrenta e fugiram de Moçambique".

Nossa....

Com um sorriso suspirado, olhou meu pequeno que dormia, me desejou boa sorte e seguiu em frente. Após 20 minutos talvez, volta ela, entra no consultório e chama o próximo:

" - Alessandra!" :-)

A consulta foi satisfatória, posso classificá-la como excelente médica. Para não entrar em detalhes, porque não são sintomas interessantes de ler, estou com endovirus e que é o surto do momento.

Minhas amiguinhas me esperavam pacientemente, no meio do caminho nos despedimos e disseram para convidá-las para a próxima caminhada, que será um prazer... Puxa! :-)
Chegando na Dona Darci, Comi duas fatias de banana frita e conheci seu pai, veio sentar-se à mesa conosco para fazer seu lanche de banana frita com pão. Um homem de 81 anos, com problema sério de diabetes e pulmão cansado.
Perguntei se estava tudo bem, ele disse que "ultimamente não, sabe filha?" ... Não consigo caminhar bem, minhas pernas não deixam. Não sei se fiz bem, mas disse ao velho homem que é nessas horas que damos valor às voltas de bicicleta. A vida cansa?
Isso porque no caminho, quando conversava com minhas novas amiguinhas, falei no meu desejo de ter uma bicicleta (roubaram a minha) para adaptar um banco na frente pro meu filho, e um apoio pra Isa, que sempre andou no guidão da minha bici. Amamos juntas o cheiro de liberdade do vento. Que no momento em que estiver andando com ela e o meu Alezinho; neste momento sentirei que não preciso de mais nada na vida pra ser feliz. (...)
Ainda em tempo, de volta à cozinha com bananas fritas, houve um rápido momento onde meus olhos encontraram suas mãos e de sua filha de passagem no ar. As do homem, mãos enrugadas e lentas; E de sua filha, mãos maduras e prestativas. Minhas mãos...
Voltamos para casa eu e o bebezinho, em silêncio.
Sabe, sinto prazer em poder dar de mamar e fazê-lo dormir. Não tenho pudores para contar isso.
Boa noite!

Do abcesso

Não sei não é resposta


ERA COMPLICADO SER CRIANÇA NA minha época. cada vez que eu julgava estar sendo vítima de uma injustiça e tentava contra-argumentar, ouvia de meus pais: "Não me responda!". Como assim, não responder? Eles me davam bronca por coisas que nem eram assim tão graves - como fazem todos os pais impacientes, e todos são - e eu não podia me defender? Não podia. Pai e mãe, naqueles remotos tempos, tinham sempre razão. Criança não apitava.
Aí entrei na adolescência acreditando que aquele tal de "não me responda" poderia vir a calhar, já que eles começaram a fazer perguntas difíceis como "você vai conosco nas bodas de ouro da sua tia?" ou "de quem é esta carteira de cigarro escondida no meio das suas roupas?". Na tentativa de ganhar tempo, eu balbuciava "eu... eu... " na esperança de que eles me dissessem: "não me responda", mas que nada: eles ficavam bem quietos, olhando fundo nos meus olhos, esperando o desenrolar da cena. Só me restava concluir a frase: "Eu... eu... não sei".
Não sei não é resposta. cresci ouvindo essa máxima e, pior, já me vali deste expediente para arrancar depoimentos mais elaborados das minhas filhas, mas reconheço que é golpe baixo. Excetuando-se as naturais enrolações da adolescência, "não sei" é a resposta mais honesta que alguém pode falar.
Eu faço que sei, mas sei quase nada. Não sei as coisas mais sérias que se espera que um adulto saiba, como, por exemplo, o que eu quero ser quando crescer. Já cresci?? Pois ainda tenho diversas interrogações sobre o amor, sobre o futuro, sobre a morte e sobre a vida. Não sei por que faço coisas que não tenho vontade. Não sei por que me deixo enganar por mim mesma tantas vezes. Não sei por que me sinto culpada quando nego alguns convites e pedidos. Não sei por que se sentir aprovada pelos outros é tão importante. Não sei por que a solidão é tão temida, já que somente a sós podemos ser 100% quem a gente é.
Não sei por que me dá mais satisfação ficar em casa lendo um livro do que ir a uma festa, não sei por que me atrapalho socialmente, por que me prefiro calada, por que todo mundo parece tão mais à vontade do que eu. E também não sei por que estou chorando, quando choro. Alguém sabe por que está chorando?
E se alguém me perguntasse por que a religião, que é uma coisa que deveria trazer paz e promover a fraternidade, transforma as pessoas em fanáticos intolerantes, eu responderia: não sei. Não entendo a razão de tanta gente brigar entre si pelo simples fato de pensar diferente e desejar viver sua própria vida a seu modo.
Sobre aquela carteira de cigarro escondida no meio das roupas, era minha, numa idade em que eu era tola o suficiente para acreditar que fumar era bacana. Mas como eu tinha apenas 13 anos, achei melhor enrolar.

Por Martha Medeiros, revista O Globo, 29/05/2005

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Dos cuidados e irritações no pênis


Até cerca dos três ou quatro anos, os meninos que não foram circuncisados não precisam de maior preocupação com a higiene dos órgãos genitais além da limpeza normal. Quando der um banho no seu filho, lave delicadamente todo o seu corpo com um paninho e sabonete. Não é preciso retrair o prepúcio; as glândulas não segregam muito óleo, de modo que não há muito acúmulo de secreções. O smegma, que em grego significa "sabão" é o nome do óleo segregado quando a criança vai amadurecendo.
A retração forçada do prepúcio pode causar aderências da pele, que causarão problemas de retração mais tarde. A manipulação que a própria criança faz com seu pênis é o bastante para estimular a retratibilidade normal. Não faz mal nenhum a criança brincar com o próprio corpo; é saudável. Você pode conversar com ela sobre hora e lugares adequados, se tiver um bebê com veia exibicionista e/ou avós pudicos...
Ao redor doa quatro anos, as glândulas se tornam mais ativas; só então você poderá ensinar o seu filho a puxar delicadamente o prepúcio um pouquinho para trás, para limpar algum excesso de secreção. Isto pode se tornar parte do banho normal. No inverno, basta fazê-lo uma ou duas vezes por semana.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

Tensão, muito calor, umidade e falta de higiene podem levar a um acúmulo da secreção, causando irritação ou até um pequeno abcesso, que se trata assim:
  • Lave o pênis muito bem, com água quente, retirando o pus e o corrimento. Faça isto duas vezes por dia.
  • Aplique óleo de calêndula ou uma pomada cicatrizante depois de cada lavagem. O gel de babosa também é anti-séptico, cicatrizante e alivia a dor.
  • Se a criança se sente mal, um banho faz bem. Adicione à água óleo ou infusão de ervas como alfazema, tomilho, calêndula, alho, uva-ursina ou alecrim - ou um copo de sal marinho.
Os remédios internos podem ser:
  • Muita água, para estimular a irrigação natural da área, quando a criança urina.
  • Tintura de equinácea: 15 a 30 gotas, quatro vezes por dia.
  • 500 miligramas de vitamina C, quatro vezes por dia.
A melhora deve ocorrer dentro de vinte e quatro horas. Se necessário, consulteo episódio "Abcessos" e procure um médico.

Extraído do livro "Cura natural para bebês e crianças", de Aviva Jill Romm.

Para maiores informações, veja também: "Breve historia de la mutilación genital masculina" e também "Fimose, circuncisão e cuidados com o pênis"

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Da fimose, circuncisão e cuidados com o pênis


A circuncisão é a remoção cirúrgica do prepúcio, a pele protetora que recobre a glande do pênis. Para isto, os meninos são amarrados a uma tábua ou maca para restringir os movimentos, o prepúcio é aberto com um grampo de metal e cortado com um bisturi (na tradição judaica, o moil, pessoa que recebe a ordenação e aprende a fazer a cincuncisão, não amarra o bebê e o anestesia com vinho). A cirurgia pode causar infecção, hemorragia, algum dano permanente no pênis e, às vezes, danos psicológicos permanentes.
As razões médicas e higiênicas alegadas para justificar a circuncisão estão ultrapassadas e, em geral, desacreditadas (...). Um pênis sem a circuncisão, bem cuidado, raramente infecciona, "suja" ou sofre de fimose (pênis "preso") . O prepúcio serve para proteger a parte interior do pênis de irritações.
Ainda que a convicção religiosa ou social leve os pais a circuncisarem, é bom lembrarem que é um procedimento cirúrgico - deve ser feito com a preocupação em relação à dor, certamente muito real e funcionando desde os primeiros dias de vida. Se você prefere que seu filho seja circuncisado, peça a quem for encarregado para usar um bom anestésico local. Pense duas vezes antes de tomar qualquer decisão.

Quando se deve procurar o médico
Quaisquer hemorragias ou infecções associadas à circuncisão exigem imediata atenção de um pediatra. Um recém-nascido pode passar por problemas sérios nesses casos. É raro acontecer, mas os pais devem se informar muito bem sobre o que esperar depois da operação.

Até o menininho chegar aos quatro anos, o pênis não-circuncisado não precisa de nenhuma atenção especial, além da limpeza básica com água e sabão que todo o corpo deve receber. Jamais puxe o prepúcio para lavagem. Se houver alguma inflamação, siga as seguintes orientações:
  • Enxague com água morna duas ou três vezes por dia; depois, aplique a seguinte preparação diretamente na glande e sobre o prepúcio: óleo de calêndula e gel de babosa; ou utilize um enxaguatório feito com 10 gotas de tintura de equinácez e 10 gotas de tintura de calêndula em 1/3 de copo de água morna - ou use chá de estelária.
  • Para irritações mais sérias, pingue na língua do bebê, três a quatro vezes por dia, tintura de equinácea (a metade do peso do bebê e gotas), com 250 miligramas de vitamina C.
Para mais informações, veja o episódio "Cuidados e Irritações no Pênis" e também "Breve historia de la mutilación genital masculina"

Extraído do livro "Cura natural para bebês e crianças", de Aviva Jill Romm.

Da amamentação: proteção natural



Além de proteger conta infecções, desenvolver o sistema imunológico e fortalecer o vínculo entre mãe e filho, a amamentação tem um importante e pouco conhecido benefício: prevenir o câncer.
Esta é uma das conclusões de um painel de 22 especialistas de cinco continentes que, durante cinco anos, revisaram sete mil estudos e escreveram uma lista com dez recomendações que reduzem o risco de desenvolver a doença, que já é a segunda causa de mortalidade no Brasil.
"A amamentação reduz o risco de obesidade, que é fator de risco principal para os tumores do trato digestivo e secundário para a maioria dos tipos de câncer", disse o diretor-geral do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (WCRF), Geoffrey Cannon.
"É necessário enfatizar que não existe nenhum outro estudo global com bases científicas tão fortes".

Embora já houvesse evidências de que a amamentação reduz o risco de a mãe desenvolver câncer de mama, Cannon lembrou que esta é a primeira vez que é relacionada à prevenção do câncer na vida adulta do bebê.
O objetivo do estudo era chegar às recomendações, que servem de metas para a saúde pública e orientação pessoal para a adoção de hábitos mais saudáveis.
O câncer é uma doença de genes vulneráveis à mutação, especialmente durante o longo período da vida humana. As projeções indicam que as taxas de câncer, em geral, tendem a aumentar.
No Brasil, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão quase um milhão de casos nos próximos 2 anos - 466 mil a cada ano. (AE)

Fatores ambientais são importantes

As evidências mostram que apenas uma pequena parcela doa cânceres é herdada. os fatores ambientais são mais importantes. Uso de tabaco, exposição ao sol ou a produtos químicos, agentes infecciosos e medicamentos são aspectos importantes, assim como a adoção de hábitos saudáveis de alimentação, atividade física e controle do peso.
Nenhum estudo isolado prova que um determinado alimento pode provocar ou evitar câncer, mas o relatório divulgado mostra que a adoção de alguns hábitos pode prevenir o surgimento de tumores, ou então, provocá-lo, afirma o relatório.
Entre os alimentos mais prejudiciais, está o consumo de sal ou açúcar em excesso, e de alimentos processados (conservados com nitratos e nitritos, defumados ou curados). Essas substâncias agem no organismo provocando inflamações que aumentam a absorção de substâncias cancerígenas.
Por outro lado, o consumo de pelo menos 600 gramas de verduras e frutas é um fator de proteção, porque esses alimentos possuem uma grande quantidade de fitoquímicos, compostos que dão cores a essas comidas e inibem o desenvolvimento de tumores.
Dieta deve conter menos sal e gordura

Cannon sugere que os brasileiros voltem a se alimentar de acordo com a tradição indígena e africana. Segundo ele, graças à herança portuguesa, o consumo per capita de sal no Brasil é um dos maiores do mundo. "A classe média brasileira também se espelha muito nos Estados Unidos, que, em termos de nutrição, não são exemplo para ninguém. Eles têm um alto índice de obesidade e baixa expectativa de vida. Os brasileiros estão copiando esses hábitos".

Em forma

A nutricionista Sueli Couto, da Coordenadoria de Prevenção e Vigilância do Inca, que resumiu o relatório de Cannon para a tradução brasileira, disse que o documento será utilizado pelo Ministério da Saúde em campanhas de promoção da saúde.
O conjunto das recomendações, que inclui manter-se o mais magro possível, praticar atividades físicas, comer frutas e verduras, limitar o consumo de carne vermelha, sal, refrigerantes e bebidas alcoólicas, também previne outras doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O bebê e os monstros


No ventre da mãe, a vida era uma riqueza infinita.
Sem falar nos sons e ruídos, para a criança todas as coisas estavam em constante movimento.
Se a mãe se erguer e andar,
se ela se virar ou inclinar-se
ou erquer-se na ponta dos pés.
Se ela debulhar legumes ou usar uma vassoura,
quantas ondas,
quantas sensações para a criança.
E se a mãe for descansar,
pegar um livro e sentar-se,
ou se deitar e adormecer,
sua respiração será sempre a mesma
e o marulho calmo -
a ressaca -
continua a embalar o bebê.



Depois,
passada a tempestade do nascimento,
eis a criança sozinha no berço,
ou melhor dizendo, numa dessas caminhas que são como gaiolas de recém-nascidos.
Nada mais se mexe!
Deserto.
E o silêncio.
Repentinamente, o mundo ao redor congelou-se,
coagulou-se,
numa imobilidade completa e terrível.
E,
enquanto lá fora faz-se completo vazio,
eis que
aqui dentro
alguma porção no ventre
agarra
torce
morde...
"Mamãe! Mamãe!"
Ah, que pavor!


No ventre?
Não
ali na escuridão!
Sim, no escuro
há um animal.
Sim, sim, um tigre, um leão...
"Eu o escuto! Eu o percebo!
Mamãe! Mamãe!"


Um animal? Na escuridão?
Prestes a saltar sobre a criança para devorá-la?
Um lobo, talvez?
Um lobo transformado em avó
e que espreita Chapeuzinho Vermelho
preparando-se para devorá-lo?

Um lobo?
Onde?
Na cama? Embaixo da cama?
Atrás do biombo?


Não!
está bem alí no ventre.
E se chama
fome.



A fome é um monstro?
A fome é sensação agradável. Não é verdade? Porque, de fato, com
muita satisfação, a vemos repetir-se várias vezes por dia.
Para nós,
uma agradável satisfação.
Porque nós sabemos muito bem que iremos comer.


E para a criança?
O pobre bebê pode movimentar-se?
Deslocar-se até a despensa?
Como se estivesse no restaurante, pode ele gritar:
"Garçom! Garçom!"?
Ele não se cansa de chamar. E, realmente, com toda a força.
Ele berra
para mostrar que lá dentro...


E... não acontece nada!
É preciso esperar.
E sofrer.
E se inquietar... com o desassossego.
Até que, finalmente, do deserto exterior em que o mundo se fez
vem alguma coisa
que por fim aquieta
o monstro desperto
lá dentro.


Fora, dentro...
Eis o mundo dividido em dois.
Dentro, a fome.
Fora, o leite.
Nasceu
o espaço.


Dentro, a fome
fora, o leite.
E, entre os dois,
a ausência,
a espera,
sofrimento indivizível.
E que se chama
tempo.



E é assim
que, tão-somente
do apetite,
nasceram
o espaço
e a existência*.



Se os bebês berram sempre que acordam não é porque a fome os atormente.
Eles não morrem de inanição.
Eles são aterrorizados pela novidade da sensação. Por essa "coisa qualquer interior" que assume imensas proporções, justamente porque o mundo exterior está morto.
É preciso alimentar os bebês.
Sem dúvida alguma.
Alimentar a sua pele tanto quanto o ventre.
E, além disso, nesse oceano de novidades, de desconhecido, é preciso devolver-lhe as sensações do passado. Só elas nesse momento podem oferecer-lhe um sentimento de paz, de segurança.
A pele e as costas não esqueceram.
As primeiras contrações no ventre materno aterrorizaram a criança.
Passada a surpresa, o pequeno ser começou a amar, a esperar por essa força que dele se apoderava, o esmagava e, por isso, o deixava assombrado e saciado.
E, semana após semana, o abraço ficava mais apaixonado, mais poderoso,
Para, finalmente, culminar no delírio,a embriaguez do parto, do trabalho.
Seria grave erro imaginar que o nascimento é necessariamente doloroso para o bebê.
A fatalidade da dor não existe.
Não mais que a fatalidade do parto.
Assim como dar à luz pode ser para a mulher liberada do medo uma experiência inebriante, com a qual nada se pode comparar,
para o bebê, o nascimento pode ser a mais extraodinária, a mais forte, a mais intensa das aventuras.
Seu grito é um protesto apaixonado por aquilo que um prazer tão intenso vem interromper de modo brusco.
No nascimento, é preciso segurar a criança, massageá-la.
Ao prolongar, dessa maneira, a poderosa sensação, lenta, ritmada, ao fazê-la alimentar-se de modo pausado, evitamos a ruptura brutal, causa de sofrimento e abstinência.
parece à criança, então, que a contração a acompanha até à margem para abandoná-la uma única vez, quando ela estiver bem assentada nessa liberdade nova e embriagante.



O que fizemos no nascimento temos de repetir todos os dias,
durante semanas e meses,
visto que, por muito tempo, sempre que acorda,
o bebê espanta-se com o fato de reencontrar o mundo do avesso:
as sensações fortes "dentro" do ventre, do estômago,
E "fora", coisa alguma!
é necessário restabelecer o equilíbrio.
E alimentar o "de fora" com o mesmo cuidado que o "de dentro".
Para ajudar os bebês a atravessar o deserto dos primeiros meses de vida.
a fim de que eles não sintam mais a angústia de estar isolados,
perdidos,
é preciso falar com suas costas,
é preciso falar com sua pele,
que têm tanta sede e fome
quanto o seu ventre.



Sim!
Os bebês têm necessidade de leite.
Mas muito mais de ser amados
e receber carinho.



Sentir...
Para o nariz, sentir é perceber o mundo mais adiantedo que a mão pode alcançar.
Ouvir é explorar mais longe ainda.
E ver, ah! ver... é acariciar com os olhos o universo milhares de quilômetros ao redor.
Cada sentido fala o mundo para nós. Seu mundo. E a harmonia se faz.
Cada sentido afasta um pouco mais além as fronteiras, tornando mais vasto, mais variado e mais rico o universo.
Apalpar, porém, é por aí que tudo, de modo muito simples, começou.
A língua, que sabe tantas coisas, é tocante.
Nos bebês a pele transcende a tudo.
É ela o primeiro sentido.
É ela que sabe.
Como elas e inflama com facilidade em todas as criancinhas!
Erupções, eritemas, pústulas...
Micróbios? Infecção?
Não, Não.
Mal-apanhadas.
Mal-acabadas. Mal cuidadas.
Mal conduzidas.
Mal-amadas.
Ah, sim, é preciso dar atenção a esta pele, nutri-la.
Com amor. Mas não com cremes.


Ser levados, embalados, acariciados, pegos, massageados constitui para os bebês, alimentos
tão indispénsáveis, senão mais, do que vitaminas, sais minerais e proteínas.
Se for privada disso tudo
e do cheiro, do calor
e da voz
que ela conhece bem,
mesmo cheia de leite, a criança vai-se deixar morrer de fome.





Por Frédérick Leboyer, em sua majestosa obra SHANTALA , prática milenar que desde então passou a ser difundida pelo ocidente.
Nos países que preservaram o profundo sentido das coisas, as mulheres ainda se recordam disso tudo. Aprenderam com suas mães e ensinarão às suas filhas essa arte profunda, siples e muito antiga que ajuda a criança a aceitar o mundo e a sorrir para a vida.

Oferenda à Semíramis e todas as mães da Terra.


(*) No original, lê-se la durée, conceito por Henri Bergson e que, segundo o nosso Aurélio, aplica-se à "sucessão das mudanças qualitativas dos nossos estados de consciência, que se fundem sem contornos precisos e sem possibilidades de medição".